terça-feira, abril 24, 2012

someday soon the sun is going to shine

Pedrinhas pequenas nos meus sapatos brilhantes. Tentei tirar todas, mas não deu... Elas insistiam em me fazer sentir aquele incômodo a cada passo. Impulsivamente arranquei-os dos meus pés e tirei de lá todas elas; sem paciência, sem precauções, apenas as joguei longe e esperava não tê-las nunca mais. Foi fácil resolver o problemas das pedrinhas, pensei que não me sentiria incomodada assim nunca mais. Mas então apareceram traças nas minhas roupas, meus perfumes terminaram, as calças apertaram.. Eu não poderia jogá-los ao alto como as pedrinhas. Teria que ter roupas novas, perfumes novos, perder peso e ai sim me sentiria bem. Eu sabia disso, eu sabia do que eu precisava, eu sabia o que aconteceria se eu não me importasse com nada disso; mas minha acomodação me fez continuar assim. Então um dia comprei tudo novo e perdi peso. Pensei que estava tudo bem. Que não precisava mais ter sentimentos nervosos e quietos demais. Que poderia me sentir finalmente leve.. Porém não havia me desfeito das coisas antigas que me prendiam a um estado de espirito inconsciente. Deveria ter doado aquelas roupas, jogado os frascos de perfume e não ter ficado tão magra. Deveria parar de procurar realidade, quando ela já está aqui. Mesmo que ela seja apática, monótona e sem a emoção que eu tanto esperei. Mesmo que ela me traga aquilo que eu sempre quis fugir; talvez seja esse o motivo: minha fuga. Corro em círculos só para fugir de ser pega por algum sentimento arrebatador e não vê-lo voltar na minha direção. Apenas sentir, sentir, sentir... E não poder ver ninguém sentindo também. Passo dias desejando fechar os olhos e ir para um mundo novo. Macio. Como deitar em algodão puro, ou mergulhar em águas límpidas. Como estar me sentindo aquecida e sem medo de perder; pois quando se tem de verdade esse medo não existe. Pequenos objetivos nunca me foram suficientes, mas me frustrar com os grandes é tomar uma escolha delicada. Mas o que seria de mim sem toda a audácia de ir além do macio do algodão? De correr o risco de perder as boas sensações só para sentir o mundo como ele é; mesmo que isso me custe não sentir as pessoas... Minha vida sempre cheia de escolhas difíceis. Algumas eu nem fiz, simplesmente já estão em mim. Nada disso é bom. Pois agora eu imploro por um sol brilhante... um abraço aquecedor, e passo os dias sem graça esperando que não seja tarde demais.

sábado, abril 21, 2012

Nessa rua tem um bosque que se chama solidão..

Quando não se tem nada, não se perde nada: é o que dizem. Mas na maioria das vezes, quando não se tem nada, o ser humano corre em busca de ter algo, por menor, insignificante, inútil e extremamente inadequado que ele seja. Uma das coisas mais difíceis é suportar não ter. Não ter o que todos tem, não saber como é a sensação de ter algo que você quer, mas não sabe como conseguir.. Sempre que você tenta dá errado, sempre que parece que vai dar certo, dá errado do mesmo jeito. Correr atrás de algo, só o torna mais distante. É como conquistar um garoto: quando você não tem interesse ele está aos seus pés, mas basta você olhar pra ele com a mínima vontade que ele já entende como presa fácil. Então ele vai lhe ignorar, ficar com outras na sua frente e fingir que você não existe. É exatamente assim com nossos objetivos. Quando não queremos ele, fica fácil de conseguir. Mas basta o mínimo interesse para ele fugir das suas mãos como areia fina. É então que começa o desespero sufocante de não se ter o que quer.. De se sentir incapaz e completamente devastada. Não tem como ninguém entender.. Não há maneiras, pois ninguém igual, ninguém sente igual, ninguém vê igual. É você e suas lamentações.. Até passar. O que talvez me console seja o fato de algo lá no fundo acreditar (mesmo sendo desacreditada) que a vida em algum momento vai revelar o que ela guarda para mim. Seja algo grande, importante, diferente.. Não importa. Só preciso de algo que me complete, que me utilize, que me consuma. Que me faça SER e não apenas estar aqui esperando o tempo passar. O tempo nos engole, e nós desaparecemos com ele, basta permitir. Espero ansiosamente o dia em que eu poderei acordar com um sentido maior para a vida. Talvez um amor não apareça agora porque eu teria que abandoná-lo. Talvez uma oportunidade grande não apareça agora porque um novo amor vai surgir. COMO saber? COMO entender? Existe alguma solução além de esperar? Esperar pelo tempo. Que carma!